PEQUENA INTRODUÇÃO
Sempre que converso com algumas pessoas sobre religião e/ou denominações, costumo dizer que, até meus 17 anos, fui católico porque meus pais eram e assim me orientaram.
Quando criança, mensalmente me levavam — assim como meus irmãos — à Missa. Uma vez por mês, porque essa era a frequência com que o padre podia celebrar naquela comunidade distante da cidade.
No entanto, após os 17 anos — e agora, aos 67 — continuo sendo católico, mas por decisão pessoal, pois, a partir daquela juventude leio sobre a história da Igreja e com ela me identifico profundamente.
Como sempre gostei da literatura bíblica e, também dela me nutro regularmente, percebo o quanto ela embasa a doutrina católica apostólica romana, na qual se encarna grandes valores.
NÃO É NECESSÁRIO FÓRMULA DECORADA
Pois bem, ao longo dessa trajetória — passando por movimentos de jovens, pela Pastoral da Juventude e outros segmentos — algumas dúvidas sempre borbulharam em minha mente. E creio que o mesmo acontece com muitas outras pessoas. Uma dessas dúvidas é:
– O que devo rezar imediatamente após receber a Comunhão?
Não há — pelo menos, que eu saiba — uma fórmula pronta que a Igreja ou algum sacerdote tenha definido claramente como sendo a oração a ser feita após comungarmos.
Penso, sinceramente, que não é necessário haver uma oração fixa, decorada, para esse momento. Cada pessoa vive de modo único o encontro com o Pão Vivo. Contudo, seria muito válido que esse tema — o que fazer após a Comunhão — fosse abordado com mais frequência na catequese.
O QUE CADA DISCÍPULO REZOU?
Essa dúvida me levou a observar com mais atenção a cena da Última Ceia — momento em que Jesus instituiu a Eucaristia.
“Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos seus discípulos, dizendo: ‘Tomem e comam; isto é o meu corpo.’
Em seguida tomou o cálice, deu graças e o ofereceu aos discípulos, dizendo: ‘Bebam dele todos vocês.
Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados.” (cf. Mt 26,26-28)
Diante dessa cena, me perguntei:
– O que terá dito cada um dos discípulos após receber o Pão e o Cálice?
Imagino que um deles possa ter dito:
– Obrigado, Mestre, por essa partilha.
Outro, talvez:
– Que eu possa sempre ser digno deste Santo Corpo.
E ainda outro:
– Que este Pão me ajude a me tornar uma pessoa melhor.
E certamente houve também quem nada tenha dito — apenas meditou em silêncio e profundidade diante daquele gesto sagrado.
UM ENCONTRO PESSOAL
Confesso que, após cada comunhão, meus pensamentos variam. Às vezes agradeço a Deus pela graça de poder comungar. Outras vezes peço a Cristo que fortaleça o meu espírito. Frequentemente ofereço a Comunhão pelos meus parentes e amigos, ou por quem me vem à mente naquele instante.
E nunca deixo de lembrar:
“Senhor, eu não sou digno…”, mas mesmo assim me atrevo a receber-Te em meu interior. Que isso me transforme, e que eu me torne uma pessoa melhor a cada dia.
“E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar.” (cf. Mt 8,8)
CONCLUSÃO
Encerro esta reflexão sem a pretensão de ensinar o que outros devem rezar. O que exponho aqui são apenas pensamentos pessoais — não julgamentos — e respeito profundamente a forma como cada um vive esse momento sagrado.
Se gostou desta reflexão, repasse a alguém que possa dela tirar algum proveito.
Até a próxima.